31 de out. de 2013

28 de out. de 2013

o que é, o que é

elas também brincam de adivinhar:
nuvem de gente pra lá e pra cá
que desenho será que dá?
...
a foto veio daqui.

23 de out. de 2013

Relicário

No começo, era só um vaso de barro não muito grande, duas mudas magrinhas, promessas de felicidade e fortuna enraizadas na mesma terra. Cresceram devagar sobre as pedras que iam chegando de tantos lugares, plantando ali histórias de rios, montanhas e dias de sol. Hoje as árvores tocam o teto da sala, abraçadas dentro de um vaso largo e amarelo, junto com os cristais transparentes e o buda da sorte, a corujinha de pedra-sabão da minha mãe, o enfeite que meu filho fez numa noite de um natal distante.
Gosto de rezar assim: regando a minha planta.
...
Ontem contei essa história e lembrei do post publicado aqui.

21 de out. de 2013

horário de verão

o sol acorda cedo
e descansa e à tarde
quando vem a tempestade

mas logo reaparece
e clareia o céu
num novo amanhecer

porque é verão

o dia quase esquece
de adormecer

e a noite perde a hora
de escurecer

18 de out. de 2013

o céu que nos protege

chuva e sol, casamento de espanhol
sol e chuva, casamento de viúva


...
hoje o céu já foi azul-claro, cinza-azulado e branco-gelo.
a cor do momento é cinza-chumbo, mas o dia está só começando: tudo pode mudar.

16 de out. de 2013

14 de out. de 2013

Preocupação

É como uma nuvem que encobre o pensamento, anunciando uma tempestade que nem sempre acontece.

7 de out. de 2013

Escrever

É como mobiliar uma casa vazia.
Às vezes começo colocando um sofá e tapetes na sala. De vez em quando, os primeiros móveis vão direto para o quarto, e é lá que fico morando um tempão, esquecida dos outros espaços da casa. 
Habitar um novo texto: cada vez acontece de um jeito, mas uma história só termina quando a casa está completa, com roupas dentro do armário, cheiro de bolo na cozinha, portarretratos e objetos espalhando lembranças por todos os cantos.
Enquanto moro nesse lugar, muitas vezes mudo a decoração, hospedo pessoas que vão e vem, aprendo a conviver com quem vai ficando. No final, quase sempre é difícil abandonar essa morada – tudo em volta já se tornou querido e familiar demais. A hora de ir embora sempre é um pouco triste, mas não só:  também fico feliz vendo a casa finalmente pronta pra receber visitas. 
Depois disso, passo um tempo perambulando pela cidade, me atrevo por bairros desconhecidos, descubro ruas simpáticas e, em algum momento, me interesso por outro endereço. Nos primeiros dias, estranho os barulhos da vizinhança, a cara do jornaleiro, a distância até a padaria. Mesmo assim, decido ficar porque, depois de pintar as paredes de branco e passear sem pressa pelos ambientes ainda vazios, sinto o perfume de uma história novinha em folha misturado ao cheiro da tinta fresca.

3 de out. de 2013

relógica

a espera
    estica
o tempo

    no relógio
 outra lógica
 outra língua

um ponteiro no enquanto
outro, no ainda