Entro no ônibus abraçando minha mochila feito travesseiro, e me encolho num dos últimos bancos, cara grudada na janela, dando tchau pra minha mãe, de pé, ali na calçada, entre mil mães a única com vontade-de-chorar-disfarçada-de-sorriso. Seu rosto me diz que ela está feliz porque estou indo e aflita porque estou indo. Quando o ônibus começa a se mover, a turma grita e festeja a partida enquanto as mães vão ficando pra trás, e então peço -- é quase uma prece -- pra que todos os temores fiquem lá, com ela, plantados na calçada.
Trecho de "Dani Vai Dançar", na coletânea organizada por Nelson de Oliveira, chegando com o ano novo com o selo do Sesi-SP Editora.
Nenhum comentário:
Postar um comentário